Um dos grandes problemas deste processo foi a quantidade de anos que se perderam em depoimentos que na pratica não foram considerados relevantes, foram mais relevantes aquelas coisas que se podem ver no youtube, que eu nem sequer chamo depoimentos, chamo antes aldrabice.
A outra foi a maneira muito selectiva de apresentar as noticias, se de alguma maneira eram favoraveis a Carlos Cruz não valiam nada, se fosse contra até abriam o telejornal...
Lembram-se da banhada?
Fonte: Diário Digital / Lusa, 27-03-2006
Uma das testemunhas que esta segunda-feira depôs no processo Casa Pia relatou que o colega que lhe disse que tinha dado «uma banhada» (roubado) ao arguido Carlos Cruz na década de oitenta confessou-lhe recentemente que esta história era inventada. De acordo com o relato de fontes ligadas ao processo, a testemunha relatou hoje, na 163ª sessão do julgamento, que um dos alunos do grupo de três que protagonizou uma fuga da Casa Pia em 1982 e que foi encontrado num apartamento em Cascais, pertencente ao arguido Jorge Ritto, lhe contou esta história algum tempo antes do episódio em casa do embaixador. De acordo com a versão desta testemunha, que foi ouvida em 1982 e em Dezembro de 2003 pela PJ, relatou que algum tempo antes da fuga estava a ver televisão com vários colegas e que um deles (que também é testemunha no actual processo), ao ver aparecer a imagem de um homem lhe disse: «Já lhe dei uma banhada [roubou-lhe dinheiro]». Disse ainda que na altura não sabia o nome da pessoa que tinha aparecido na TV e que alguém afirmou que seria o apresentador de televisão Carlos Cruz, acrescentando que depois de o escândalo de pedofilia rebentar, em Novembro de 2002, o antigo colega casapiano, que vive actualmente em França, lhe garantiu, numa vinda a Lisboa alegadamente patrocinada por uma cadeia de televisão, que a história da banhada era inventada, para se evidenciar, referiram as fontes. Apesar de estes factos estarem já prescritos e não serem o objecto do processo actualmente em julgamento, este episódio de 1982 (dos alunos encontrados em casa de Jorge Ritto) tem sido reiteradamente referido em tribunal, uma vez que o apresentador de televisão era apontado como frequentador da casa do embaixador, onde alegadamente teriam ocorrido abusos sexuais de menores. De acordo com os mesmos relatos, a testemunha, que tem actualmente 37 anos, referiu que, além deste episódio de 1982, não ouviu qualquer outra referência ao nome do apresentador de televisão. À saída do tribunal, Carlos Cruz manifestou-se «satisfeito» com o depoimento da testemunha, porque «parece que está esclarecido o episódio de 1982». «A testemunha referiu a história da banhada nos termos que já conhecem, mas confirmou que quando estavam a ver televisão e houve essa história da banhada nem sabia quem eu era e que foi outra pessoa que disse que era o Carlos Cruz. Nem me identificou e confirmou que o colega dele que disse que me tinha dado um a banhada lhe disse aqui em Lisboa que tinha sido uma treta», vincou. Questionado sobre porque motivo apareceu na televisão, já que garante que naquela época estava afastado da apresentação e da publicidade, avançou: «esse é que é o enigma. De como eu apareço no ecrã nessa altura, portanto alguém poderia ter dito que era o Carlos Cruz e não ser eu». «A testemunha disse ainda que não ouviu o meu nome na Casa Pia em relação a nenhum processo, em relação a nenhum comportamento, em relação a nenhum contacto com colegas e que a única vez, em todos os anos que esteve na instituição, a única vez que ouviu o nome foi no episódio da banhada», afirmou. O apresentador acrescentou que hoje em tribunal a testemunha negou que tivesse pedido, nos finais de Novembro de 2002, desculpa por ter envolvido o seu nome, admitindo apenas que se deslocou a sua casa, acompanhado pelo jornalista Rui Gustavo, para dizer que lamentava a situação. «Ele acha que não me pediu desculpas, a recordação que eu tenho da conversa é a de que ele pediu, há aqui um empate técnico, penso que o vosso colega Rui Gustavo desempatará porque ele assistiu à conversa», concluiu. À saída da audiência os advogados da Casa Pia e dos assistentes recusaram-se a falar aos jornalistas e o único defensor que prestou depoimento foi o de Carlos Silvino («Bibi»), para quem o episódio de 1982 não ficou esclarecido, existindo mesmo uma contradição. «Penso que não, mas neste momento, ao fim destes anos todos, já não haverá muito interesse em esclarecê-lo. Ele agora veio contradizer um pouco aquilo que tinha prestado em 1982, como tal não está claro», acentuou Ramiro Miguel. O tribunal ouviu hoje outras duas testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP). Nenhum dos arguidos responde por qualquer crime relacionado com estas testemunhas. O julgamento prossegue na quarta-feira com a audição de outras testemunhas de acusação arroladas pelo MP.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.