quinta-feira, 7 de julho de 2011

a proposito de alguns comentarios estafados...







Claudine Bert
Justice: Que valent les expertises psychologiques?
Sciences Humaines, n.213, mars 2010, pp.26 -31.


http://www.scienceshumaines.com/justice --que-valent-les-expertises-psychologiques-
_fr_24926.html

Tradução: Denise Cabral de Oliveira e Sandra Pinto Levy

Justiça: de que valem as perícias psicológicas?

84 perícias psiquiátricas e psicológicas não impedira m que o processo de Outreau ocasionasse um fracasso judicial. Qual é a parcela de responsabilidade dos peritos? Como eles trabalharam? Foram tiradas lições disso?

Os peritos, psicólogos e psiquiatras, ajudam ou atrapalham a justiça?
Esta é a pergunta que inúmeras pessoas se fizeram diante do resultado do processo
de Outreau, enquanto uma comissão de inquérito parlamentar dispensou mais de 200
horas , entre os meses de janeiro e junho de 2006, para examinar ³os maus
funcionamentos da justiça´. Ela auditou ,notadamente, todos peritos que intervieram
nesta questão.(1) Quem são estes peritos? Qual é sua influência nas decisões da
justiça? Os maus funcionamentos de Outreau são imputáveis somente a eles?


O Fracasso.

Comecemos por lembrar os fatos. Myriam Badaoui pede o afastamento de seus 3 filhos menores de casa em razão da violência de seu marido, Thierry Delay, em relação a eles. O mais velho já está colocado em lar substituto há 5 anos. As assistentes maternais e as professoras que acolhem estas crianças cons tatam comportamentos, intenções que as fazem recorrer à justiça, que demanda uma investigação policial. As crianças são ouvidas e acusam seus pais de violências e de abusos sexuais, acrescentando que outros adultos, que elas nomeiam, estavam presentes. Em fevereiro de 2001, o casal Delay foi preso e acusado. T. Delay nega, mas sua esposa confessa rapidamente. Nas semanas seguintes,17 adultos, indicados seja por Myriam Badaoui, seja por vinte crianças identificadas como vitimas, foram presas.Desde 2001, o juiz do processo demandou uma perícia psicológica e psiquiátrica de todas as crianças acusadoras, e de todos os adultos acusados, e depois, no ano seguinte, novas perícias. Em 2004, antes do processo em audiência, e mesmo , com urgência, durante o mesm o, o promotor requer perícias. Foi realizado um total de 84 perícias. Em relação a um ponto fundamental: a confiança que se poderia ter nos testemunhos das crianças, de um lado, dos adultos acusadores, de outro lado ± notadamente de M. Badaoui, a princi pal dentre eles. A resposta dos peritos é sem ambiguidade: todos merecem crédito. Em relação aos adultos sob acusação, uma mesma questão foi levantada aos peritos psiquiatras e psicólogos:

Apresentavam eles traços de caráter ou de personalidade de abusadores
sexuais?.
Desta vez, as respostas são diferentes: os psiquiatras responderam pela
negativa para todos os acusados, os psicólogos, pela afirmativa para todos, exceto
quatro.

Quando do julgamento em tribunal em Saint Omer, em 2004, M. Badaoui admite ter acusado indevidamente 13 dos 17 culpados, e seu marido a apoia. Em seguida a essas retratações , 7 acusados são absolvidos, 10 condenados. Seis dentre estes apelaram. Em 2005, diante do tribunal de apelação de Paris, Thierry e Myriam Delay declaram a inocência dessas 6 pessoas, e duas das crianças retrocedem de suas acusações. As 6 pessoas são soltas. Em resumo, portanto, os acusadores, maiores e menores, cujo testemunho foi, e de forma repetida, tido como confiável pelos especialistas, tanto psiquiatras quanto psicólogos, acusaram indevidamente 13 pessoas de serem abusadores sexuais.Pode-se realmente falar, com efeito, em fracasso.