quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Isto há cada coisa....

05 Setembro 2010A minha previsão da prisão de Carlos Cruz
No dia em que foi publicada a primeira notícia do Expresso sobre os «casos de pedofilia» fui ao Snob, na Rua do Século, e sentei-me na mesa do canto, onde habitualmente se sentam os jornalistas.


Frequento essa mesa, agora mais esporadicamente, há cerca de 35 anos. Estava lá nesse dia a própria autora do primeiro escrito e alguns amigos de que não posso precisar os nomes. Lembro-me que estava o José Mateus.


Eu tinha lido a notícia com atenção e aquilo «ligava» com uma coisa que eu tinha visto uns anos antes. Por isso mesmo avancei com a previsão de que, a breve prazo, haveria prisões de pessoas importantes. E citei alguns nomes, entre os quais o do Carlos Cruz.


E porque é que o fiz?


Anos antes, fui consultado por um jornalista, aliás também um grande amigo, que estava a preparar um livro sobre pedofilia, tomando por base um processo judicial, cuja cópia eu li com toda a atenção, o qual tinha sido abafado, alegadamente, porque tinha como cabeça de cartaz um alto dignitário de uma organização maçónica.


O processo tinha sido iniciado com diligências relacionadas com uma investigação ao desaparecimento de documentos do automóvel de um ministro de um governo do Prof. Cavaco Silva, que teriam sido furtados por prostitutos.


Nesse processo continham-se algumas dezenas de depoimentos de rapazes que se dedicavam à prostituição masculina nas ruas de Lisboa, todos eles muito pouco consistentes, que declaravam, prostituir-se com senhores que passavam pelas ruas por eles frequentadas (em Belém e no Parque Eduardo VII).


Entre os nomes dos clientes figuravam as principais figuras da televisão, o referido dignitário maçónico, o dono de um dos maiores laboratórios de análises clínicas de Lisboa, vários diplomatas e dois ministros do referido governo.


Da análise que fiz, na altura, penso que na fase final do Conselho de Imprensa, de que eu fora membro, conclui que aqueles depoimentos não tinham a mínima credibilidade para suportar um livro e, por isso mesmo, desaconselhei o meu amigo, que é o jornalista Pedro Varanda de Castro, a desistir do projeto.


Outro elemento importante para o conselho: tinha sido recentemente alterado o Código Penal, no sentido de não admitir, em nenhuma circunstância, a prova da verdade dos factos relativamente a factos relativos à intimidade da vida privada.


Perguntar-se-à porque razão aventei nessa noite a previsão da prisão de Carlos Cruz?


Precisamente porque Carlos Cruz era a pessoa mais importante (com mais notoriedade) referida pelos prostitutos, a par, aliás, de uma série de outros nomes famosos da televisão, como se o próprio investigador, que aliás conheci (e que penso que foi expulso da PJ, por outras razões), tivesse conduzido o processo para decapitar os nomes mais mediáticos deste país.


Era muito importante que esse processo aparecesse, porque do que li depois, o processo Casa Pia parece um clone dele.

http://falenciadajustica.blogspot.com/2010/09/minha-previsao-da-prisao-de-carlos-cruz.html

Não há pior cego que aquele que não quer ver!

Presidente do STJ admite aproveitamento político de casos mediáticos - RTP Noticias, Vídeo



Quando se encontram os verdadeiros criminosos e as provas são evidentes, o assunto resolve-se facilmente – investigação – acusação – julgamento - condenação. O pior é quando não se encontram os criminosos ou quando os indícios são fracos ou pouco consistentes e os magistrados tentam encontrar bodes expiatórios.

No passado, o mais comum dos erros judiciários era julgarem e acusarem pessoas já cadastradas, a quem ninguém dava o benefício da inocência.

O segundo erro judiciário mais habitual é fazer julgamento por pré convicção contra alguém, socorrendo-se de valorização de erros menores sobrevalorizados, falhas de entendimento da realidade, ou mesmo invenção de factos. Num cenário de crise é satisfatório para a justiça, para os média e para a opinião pública, encontrar vítimas entre pessoas de níveis económico elevado, ou figuras conhecidas do grande público. Um político, um apresentador de televisão, um banqueiro, um administrador de uma empresa são as presas ideais.

Causas do erro

Há várias causas de erro judiciário. A principal é a pressão mediática, quando os jornais se envolvem em campanhas de divulgação com títulos de capa que ajudam a vender exemplares e despertam a ira da opinião pública. Em muitos casos a ânsia de dar as notícias leva a criação de cenários exagerados ou mesmo invenções mentirosas, para os quais a opinião pública começa a reclamar justiça. Os magistrados e as polícias vêm-se então num dilema que é o de mostrar trabalho ou passarem por incompetentes. Começam a evitar a todo o custo a situação de absolvição que facilmente é conotada com ineficácia ou mesmo proteccionismo dos suspeitos.

Portugal do início do Século XXI parece estar a viver uma situação particularmente receptiva a este tipo de comportamento – julgamento e acusação com poucas provas. Vejam-se os julgamentos dos últimos anos.

No processo Casa Pia, tentaram envolver-se os políticos do PS, começando pela sua direcção. Perante a inconsistência de indícios, provas imprecisas, contradições, ficaram-se por Carlos Cruz (que na verdade ninguém na sua mais profunda racionalidade e com absoluta certeza é capaz de afirmar se é culpado ou se é inocente).

O processo Freeport só vendeu jornais enquanto pairavam suspeitas sobre o Primeiro-Ministro. Assim que os procuradores se convenceram que não encontravam nada por onde pegar em Sócrates, o caso morreu e já ninguém se interessa pelo assunto.

No mais recente Face Oculta, ninguém está verdadeiramente interessado em saber se Godinho viciava as pesagens do camiões de sucata, aliás o que devem fazer todos ou quase todos os oficiais desta suja mas necessária actividade. Tentaram à custa disto apanhar mais uma vez o Primeiro-Ministro. Mas uma vez que não apareceu nada credível a envolver Sócrates, nem mesmo à custa de escutas abusivas e ilegais de chamadas telefónicas, viraram-se para figuras do partido socialista, ou quem eles pensam que estão em cargos arranjados pelo partido socialista.

Desta vez a justiça não quer passar a imagem que eles têm de si próprios, leia-se em (Portal Jurídico) - “antes da sentença da Casa Pia estava a criar-se no país um perigosíssimo ambiente de impunidade. Iam ocorrendo crimes, iam-se sucedendo os casos - mas nunca havia culpados”. A partir de agora tem de haver, com provas ou sem provas.

Os procuradores de Aveiro dão todos os sinais de serem capazes de cometer erro judiciário. Alguns dos motivos para acusação de pessoas são ridículos, como a oferta de um pão de ló ou de garrafas de vinho. Afirmações como: “…fez isto para parecer comportamento impoluto…”, “… dando seguimento ao combinado para beneficiar xxx…”; erro de pesagem de camiões de 128,80Euros, etc. Há mesmo uma vontade de acusar sem indícios credíveis de crime. Confundem actos de gestão dentro de uma empresa com máfia organizada para lesar o Estado. Quanto menos matéria para verdadeira acusação, mais se vão voltar para detalhes de menor importância.

Inacreditável. Só lendo a despacho de acusação com uns olhos diferentes dos de alguns jornalistas se começa a perceber a complexa teia, ou incompetência.

Depois de tanto se ter escrito na comunicação social sobre o assunto, os magistrados já não se vão contentar em acusar três ou quatro verdadeiros culpados, tentarão apontar as baterias para o maior número de pessoas possível (para começar 36).

Nota: Agora já começo a duvidar mesmo daqueles casos que parecem mais evidentes de fraude, porque podemos estar a ser induzidos numa certa opinião, ou outros interesses que não a tal justiça da espada e da balança com os olhos vendados.

do blog do eu-calipto.sapo

Lembram-se?

Lembram-se de eu colocar os graficos sobre as horas dedicadas ao processo Casa Pia?
Dos casos semelhantes noutros países e aqui mesmo? Tipo Ismael...
Da maneira como foi investigado este aborto juridico?
Das contradições evidentes nas chamadas testemunhas importantes?
Lembram-se das noticias falseadas, sem fundamento, mas que serviram para levar a opinião publica deste País a seguir uma determinada direcção?
Bem, esse jornalismo tambem tem o seu momento de glória.....


O erro e a falta de rigor são maiores pecados do jornalismo actual
23 Dezembro 2010 00:01
Filipe Pacheco - filipepacheco@negocios.pt

As conclusões são de um estudo do Obercom - "Desafios do Jornalismo" - a partir de um inquérito a jornalistas

Os erros factuais na produção noticiosa e o menor interesse na abordagem de assuntos de maior complexidade, são alguns dos pontos críticos na prática jornalística actual. Estas são algumas da conclusões retiradas do estudo "Desafios do Jornalismo", da responsabilidade da Obercom, que coloca em relevo o olhar dos jornalistas sobre múltiplas dimensões da profissão. Da análise, composta por uma amostra de 212 profissionais da comunicação social, conclui-se que a larga maioria dos jornalistas considera que as notícias estão "cada vez mais cheias de erros factuais". Ou seja, mais de metade dos inquiridos considera que, aliado a esse aspecto, as peças jornalísticas são tratadas de forma cada vez menos rigorosa e precisa.

eu acrescento.. com cacete!
é muito jornalista incompetente!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

As coisas pertinentes que os outros dizem...

CUIDADO COM AS SUSPEITAS
Naquele momento, Sarkozy contra-atacou e acusou os jornalistas de serem pedófilos. Não tinha provas. Mas era a sua convicção.
É claro que tudo aquilo pretendia ser uma lição. É que os mesmos jornalistas questionavam-no sobre qualquer questão sensível, em que o presidente francês era acusado.
O que ele queria dizer, no fundo, é que estava inocente e que, quando se quer denegrir alguém, basta levantar uma suspeita.
De facto, é preciso ter muito cuidado e também confiança nas autoridades. A honra das pessoas é um direito fundamental. Até provas em contrário, não é concebível pô-lo em causa.
Meredith Maran acusou o pai de incesto. Adolescente, estava contaminada com os relatos de abuso sexual. Mais tarde, viria a reconhecer que tudo era falso.
Há que regenerar a nossa vida. Já há muitos problemas no mundo. O que não podemos é ficcionar um criminoso em cada esquina.
Para problemática, já basta a realidade. Não nos atormentemos com a ficção.

Isto vem no theosfera.blogs.sapo
mas achei muito interessante o comentário a propósito disto....
:De António a 27 de Novembro de 2010 às 17:16
Carlos Cruz também foi acusado de ter cometido graves crimes sexuais contra menor. E ,se é culpado, não tem que se queixar de mais ninguém, senão dele próprio. Ouvi, contudo, a entrevista dada pelo acusador Francisco Guerra à Judite de Sousa e logo aí fiquei convencido de que algo não batia certo: o facto de o acusador ter referido que desconhecia a pessoa pública que Carlos Cruz há muitos anos é. Isso não é aceitável mesmo que, à data da ocorrência dos supostos factos, ele tivesse 13 anos. Por outro lado, no blogue de defesa de Carlos Cruz, através dos vídeos disponíveis na Internet, pode-se ver claramente que era impossível ter havido no espaço das escadas da casa de Elvas a sala de espera que Francisco Guerra pretendeu localizar na respectiva reconstituição. Tanto mais que o Tribunal não considerou credível essa afirmação. As diversas testemunhas que foram ouvidas sobre esse ponto, incluindo o construtor dessa casa, afirmaram peremptoriamente que a casa nunca sofrera alterações estruturais desde a sua construção. Então,se assim é, das duas uma: ou Francisco Guerra está equivocado em relação à casa ou está a mentir. Além do mais, Carlos Cruz foi acusado de ter cometido os alegados abusos num sábado. Facto que o Tribunal também não considerou provado. Perante tamanha inconcludência de afirmações de Francisco Guerra, pergunto-me como é que foi possível Carlos Cruz ter sido condenado, quando os tribunais estão legalmente obrigados a inocentar em caso de dúvida ? Seja como for, alguma monstruosidade aconteceu: ou porque Carlos Cruz abusou sexualmente de menor e é culpado ou porque Francisco Guerra está a mentir e Carlos Cuz foi injustamente condenado...
nem mais....

A realidade e os holofotes

Antes demais quero desejar a todos os leitores as maiores felicidades neste novo ano que se aproxima, por razões profissionais e não só, estive ausente do País e só á pouco regressei ao Burundi...

Andava entretido a dar uma vista de olhos naquilo que foi escrito por jornalistas e bloguistas quando li esta peça.
Isto tem a ver com algumas afirmações de quem teve o seu momento de glória debaixo dos holofotes da televisão, refiro-me obviamente a francisco guerra, desta vez descambou para outro tipo de afirmação, que parece ninguem seguiu, (pelo menos as autoridades) eventualmente o namora e a pestana acompanham-no neste tipo de cruzada que a ser verdade seria tragico e preocupante, mas dito por quem é deixa-me sempre na duvída.

Vamos então á noticia.

Denúncias de rede pedófila comunicadas em Setembro
Joao Ruiz em Qua Nov 24, 2010 5:27 pm
.Denúncias de rede pedófila comunicadas em Setembro por LICÍNIO LIMAHoje
Fontes policiais garantem desconhecer rede internacional a actuar em Portugal.A Casa Pia de Lisboa (CPL) garantiu ontem em comunicado "desconhecer a existência de qualquer rede organizada de pedofilia a operar dentro da instituição". A entidade informa que já em Setembro enviara para a Procuradoria-geral da República (PGR) as suspeitas referidas no semanário Sol pela antiga provedora Catalina Pestana. Fonte policiais, que ontem detiveram oito indivíduos por posse e partilha de pornografia infantil, garantiram ao DN não haver indícios de que haja em Portugal uma rede internacional de pedofilia.O assunto volta a adquirir actualidade no seguimento do anúncio do lançamento do livro "Uma dor silenciosa", da autoria Francisco Guerra. Este ex-aluno da CPL conta na primeira pessoa a experiência de abusos sexuais de que foi vítima na instituição de ensino. A dado passo garante que "está activa também em Portugal uma rede internacional de pedofilia que envolve as crianças e os adolescentes da Casa Pia". Trata-se de uma suspeita já recorrente. Em Outubro de 2007, Catalina Pestana deu uma grande entrevista ao semanário Sol, em que garantia: "Continua a haver abusadores dentro da Casa Pia e redes externas que usam miúdos para abusos sexuais". E acrescentava: "O procurador já abriu um inquérito."Em Setembro deste ano, a antiga provedora voltou a referir-se ao assunto num artigo de opinião no semanário Sol, onde colabora regularmente. No seguimento, os responsáveis da CPL enviaram uma carta à PGR reiterando "a sua total receptividade no apuramento de eventuais suspeitas". A instituição, no comunicado ontem emitido, refere-se a esta iniciativa, frisando que "é dever ético dos cidadãos denunciar às autoridades quaisquer suspeitas de eventuais casos de abusos de menores".Também as fontes policiais contactadas pelo DN garantem desconhecer denúncias que possam dar credibilidade ao que escreveu Francisco Guerra, com a chancela de Catalina Pestana no prefácio onde a antiga provedora reitera as afirmações ao Sol, há três anos. Também a PGR, em resposta a um pedido de esclarecimento do DN, informou que nenhum inquérito foi aberto no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa no seguimento do anúncio do livro, cuja divulgação foi muito mais ampliada graças às alegadas suspeitas.Álvaro Guerra, presidente da Associação Rede de Cuidadores, entidade fundada também por Catalina Pestana, garantiu ao DN que há pedófilos activos em Portugal, mas disse desconhecer o envolvimento de alunos da Casa Pia. "Admito que possa haver, atendendo ao desinvestimento que se tem registado, mas de que nos têm chegado ecos", frisou.Para Adelino Granja, antigo aluno da CPL, as declarações de Francisco Guerra não têm credibilidade. "Se soubesse de alguma coisa, teria de denunciar", disse ao DN.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

francisco guerra e as mentiras....

acredito que tambem Francisco Guerra tenha sido uma vitima da Casa Pia, nunca contestei isso e não tenho uma especial animosidade em relação a ele.
Gostaria, se um dia o visse, de lhe perguntar de quem foi a ideia de implicar aquelas pessoas.
Fui criança, adolescente, e com erros e com méritos fui percorrendo a minha estrada, sem atropelar principios, respeitando as pessoas, tansmitindo aos meus, os valores basicos e fundamentais(segundo o meu conceito) da vida em sociedade.
Sou solidário, preocupa-me as situações que levam a que estes rapazes, hoje homens no que toca a idade, se tenham tornado manipuladores, mentirosos e até criminosos.
A Casa Pia de Lisboa tem tambem um historial de gente boa, de pessoas com vidas de sucesso nalgumas areas e estou-me a lembrar de João Pedro Pais, só para dar um exemplo.
Ou seja, não tenho nenhum tipo de preconceito contra a instituição ou pessoas da Casa Pia.
Mas a nossa justiça e a nossa policia meteram os pés pelas mãos neste processo!
Eu vi, e concerteza mais pessoas viram o Bernardo Teixeira dizer no Prós e Contras que tinha sido violado por um locutor de televisão mas não por Carlos Cruz.
Não tenho a pretensão de começar uma caça ás bruxas, mas tenho a sensação, até porque sempre achei que este processo era uma mentira pegada, que o Carlos Cruz foi a vitima maior de muitas incompetencias.
eu explico melhor....

Como surgem e o que caracteriza as memórias falsas

Em geral as pessoas sentem dificuldades na avaliação da origem das memórias que ocorreram próximas umas das outras no tempo, um fenómeno conhecido por monitorização da fonte (e.g., Johnson, Hashtroudi e Lindsay, 1993).
Numa prova de memória, o sujeito está confuso, incerto, mas tem de decidir de entre os eventos presentes na sua memória quais os reais e quais os que são imaginados.
Como uns e outros surgiram num contexto comum e associados a um espaço e tempo específicos, a capacidade de verificação da origem de ambos torna-se difícil de efectuar devido às similaridades que revelam em termos de robustez e nitidez.
As pessoas que revelam memórias falsas estão convencidas, muitas vezes de forma absoluta, que as suas recordações são verídicas. As pessoas acreditam estar a dizer a verdade e não a mentir.
Em termos de grau de certeza, confiança e convicção, a recordação de acontecimentos falsos é por vezes tão grande como a de acontecimentos verdadeiros.
E quem ouve ou presencia um testemunho sente uma enorme dificuldade em discernir se está perante uma descrição verdadeira ou se está perante um erro ou memória falsa.

Uma pessoa é inclinada a afirmar que uma memória actual é uma lembrança verdadeira se facilmente conseguir formar imagens de uma situação passada. Quando se consegue imaginar facilmente uma situação ou aspectos de uma situação passada, o mais provável julgar é tratar-se de um acontecimento real.
Há assim um enviesamento, predisposição ou inclinação humana para julgar que os acontecimentos falsos não produzem imagens tão facilmente acessíveis nem tão ricas como acontece com acontecimentos verdadeiros.
Mas pode não se verificar. Há pessoas com uma imaginação tão rica que facilmente convertem imagens em realidade.
Há alguns factores que contribuem para que uma informação errada, sugerida ou induzida após um acontecimento, se converta numa memória falsa. Os estudos de investigação nesta área ressaltaram os factores seguintes:
1.
Um dos principais factores é a percepção da autoridade e confiança na fonte de informação.
Um juiz, um polícia, os pais, os professores, os especialistas e os meios de comunicação funcionam em geral como fontes de informação credíveis, e uma sugestão falsa destes, induzida intencional ou acidentalmente, pode levar à formação de uma memória falsa.

2.
Um outro factor é a apresentação ou fornecimento de sugestões plausíveis. Quando num acidente, os carros se “esmagam” um contra o outro é provável e plausível que apareçam no chão vidros partidos.
Um psicoterapeuta pode ainda convencer uma paciente de que a interpretação de um sonho tem a ver com o facto de ter perdido os pais num centro comercial, uma experiência infantil bastante provável.
Mas se a sugestão é implausível, é praticamente impossível que se converta numa memória, por exemplo convencer um adulto de que foi violado pela mãe na infância ou de que esta lhe deu um clister bastante doloroso.
Mas se a sugestão sobre o clister doloroso envolver um técnico de saúde num hospital, a formação de uma memória falsa torna-se mais provável.
3.
A repetição periódica do mesmo tipo de sugestão faz aumentar a probabilidade de formação de uma memória. É neste sentido que se afirma que uma “mentira mil vezes repetida se transforma em realidade”.
Para muitos adultos normais, entre os quais se contam os estudantes universitários, não é preciso que a mentira ou sugestão seja repetida mil vezes, repeti-la três ou quatro vezes pode ser suficiente.
Os factores de repetição, plausibilidade da situação e a autoridade, actuando num ambiente de dor e medo, podem levar uma pessoa em certos casos a acreditar que cometeu ou foi o principal responsável pela ocorrência de um crime. Apesar de raros, há pessoas inocentes que confessaram ter cometido crimes.

Isto não foi invenção minha, podem ver todo o artigo aqui:
http://www.fpce.up.pt/docentes/acpinto/artigos/18_recordacoes_falsas.pdf
Amâncio da Costa Pinto
Faculdade de Psicologia e C. da Educação, Universidade do Porto, Portugal

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

o tal restaurante da ajuda....

Quando escrevi no outro dia, a 26 de novembro para ser mais exacto, que gostava de ver um jornalista confirmar aqueles almoços de que falava francisco guerra, já nessa altura era claro que eu tinha as minhas dúvidas.
Afinal, o tribunal tinha feito o trabalho de casa e tinha chamado a depor um sócio e antigo empregado desse restaurante.
Vamos portanto dar uma vista de olhos naquilo que foi dito em tribunal por esse senhor do restaurante:

"as conversas que foram feitas nesses almoços, como eu refiro no meu livro, tinha tudo a ver com o que aconteceu nestes anos todos e pouco ou nada se falava sobre a vida pessoal de cada um"

11.10.06 (em Tribunal)

Drª Marta Saramago - Olhe, ahm... Disse-nos que era empregado de restaurante.

Domingos Mendonça Aires - Sou...

Drª Marta Saramago - E empregado em que restaurante?

Domingos Mendonça Aires - Restaurante Dois e Dois. Sou empregado e sou um dos sócios.

Drª Marta Saramago - É um dos sócios, do...?

Domingos Mendonça Aires - Sou trabalhador do restaurante Dois e Dois.

Drª Marta Saramago - Dois, é Dois e Dois, ou Dois mais Dois?

(...)

Drª Marta Saramago - Muito bem. Olhe e o Sr. Dr. Manuel Abrantes, que está sentado, no sítio, no lugar, precisamente, ao lado do Sr. Carlos Silvino? Conhece?

Domingos Mendonça Aires - Não senhor, só pela televisão.

Drª Marta Saramago - Só da televisão. Mas não se lembra de o ver lá nunca? No restaurante?

Domingos Mendonça Aires - Não senhor.

Drª Marta Saramago - Nomeadamente, na companhia do Sr. Carlos Silvino?

Domingos Mendonça Aires - Nunca. Nunca o vi.

Drª Marta Saramago - Muito bem. Outra pergunta, o senhor enquanto, desde que trabalha no restaurante, alguma vez lá viu o Sr. Carlos Cruz?

Domingos Mendonça Aires - Não senhora.

Drª Marta Saramago - Sabe quem é o Sr. Carlos Cruz?

Domingos Mendonça Aires - Sei quem é pela televisão.

Drª Marta Saramago - Pela televisão! Nunca o lá viu?

Domingos Mendonça Aires - Nunca o lá vi, não o conheço pessoalmente.

Drª Marta Saramago - Olhe e mesmo sem o ter lá visto, alguma vez lhe foi contado pelos seus colegas, ou por alguém, lá no restaurante, que o Sr. Carlos Cruz lá tivesse ido na companhia do Sr. Carlos Silvino?

Domingos Mendonça Aires - Ahm... Não, nunca lá foi, mesmo... é assim: nós não temos por hábito chegar no dia a seguir, por exemplo, eu saio mais cedo, chegar lá, e olhe que veio, trabalhou, podemos conversar a, trabalhou-se bem, não se trabalhou bem, não estamos cá, mas nunca, aliás se o Sr. Carlos Cruz lá chegasse a ter ido, isso toda a gente sabia.

Drª Marta Saramago - Toda a gente falava?

Domingos Mendonça Aires - É lógico, é mais que provável.

(...)

Dr. Hélio Garcia - Referiu que nunca viu o Sr. Carlos Cruz no restaurante com o Sr. Carlos Silvino, não verdade?

Domingos Mendonça Aires - Nunca. Eu conheço o Sr. Carlos Cruz do famoso concurso 1, 2, 3, e... Pronto, a partir daí...

Dr. Hélio Garcia - Mas refere-se, refere-se aos períodos de Sábado e Domingo à noite, aos fins de semana?

Domingos Mendonça Aires - Sim, sim.

Dr. Hélio Garcia - Mas não exclui a hipótese de ele lá ter ido durante a semana?

Domingos Mendonça Aires - Isso é quase impossível acontecer, porque se isso acontecesse, eu acho que toda a rua sabia e toda a gente sabia porque a figura do Sr. Carlos Cruz, uma figura pública e isso, toda a gente sabia. Não tenho dúvidas nenhumas que se ele tivesse aparecido lá toda a gente sabia ali no dia a seguir.

(...)

Juíza Presidente - Qual é a sua profissão?

José António Fernandes Dias - Cozinheiro.

Juíza Presidente - O senhor trabalha onde?

José António Fernandes Dias - No restaurante, na churrasqueira Dois e Dois.

José António Fernandes Dias - Como sócio, como sócio. Como sócio desde 2000 (dois mil), só que, entretanto, antes era empregado e depois passei a sócio.

(...)

Drª Marta Saramago -(..) Bom, é sócio desde 2000 (dois mil)?

José António Fernandes Dias - Sim.

Drª Marta Saramago - E antes de 2000 (dois mil), já lá trabalhava?

José António Fernandes Dias - Já, já lá trabalhava.

Drª Marta Saramago - Desde?

José António Fernandes Dias - Diga, diga?

Drª Marta Saramago - Desde quando?

José António Fernandes Dias - Hum... Agora estive lá uns seis anos, cinco...

Drª Marta Saramago - Seis anos antes de 2000 (dois mil), é isso?

(...)

Drª Marta Saramago - Olhe uma última pergunta. Lembra-se alguma vez ter visto no restaurante, ou de lhe terem contado que lá tivesse estado o Sr. Carlos Cruz?

José António Fernandes Dias - Também não. Lá não.

Drª Marta Saramago - Nunca?

José António Fernandes Dias - Nunca.

****
por estas e outras que não vou comprar o livro....