quarta-feira, 7 de março de 2012

o eucalipto seca tudo á sua volta, mas este é um manancial de ideias..

O mundo cão tem várias raças, incluindo a mais perigosa que é a de duas patas e que usa gravata. A começar pela justiça, ou pela falta dela.

Os tribunais e os nossos procuradores são pagos para fazer justiça, mas em vez disso têm-se revelado mais interesados em fazer política e defender interesses pesssoais.

Os recentes e menos recentes casos: Casa Pia, Freeport e Face Oculta são os exemplos mais acabados do que quero dizer.

No primeiro criaram-se expectativas de crime organizado que não se confirmaram de todo na investigação, mas depois da opinião pública completamente intoxicada e manipulada os procuradores e juízes não tiveram outra solução mais corajosa do que condenar (provavelmente) alguns inocentes, esquecendo o princípio básico de que, em caso de dúvida, é preferível deixar um culpado sem castigo do que condenar um inocente. Ficou na rede Carlos Cruz. Tiveram muita sorte Ferro Rodrigues e Jorge Sampaio; Paulo Pedroso por não terem sido mais incomodados.

Leiam um pouco do primeiro capítulo do livro de Carlos Cruz. Já tínhamos todos ouvido a versão de Felícia Cabrita. É bom para fazer uma opinião ouvir o que tem a dizer a outra parte.

http://www.vogais.pt/docs/inocente.pdf


O processo Freeport, começou mal, com uma denúncia anónima organizada pela polícia, e deu em nada depois de tantas escutas de tanto dinheiro envolvido, luvas, CDs com gravações escondidas, chamadas telefónicas, contas bancárias, etc. Conseguiram corroer um primeiro Ministro, que aliás sempre foi o principal e único alvo a abater. Enquanto estava em fase segredo de justiça surgiam todas semanas retalhos do processo no Jornal Sol e quase todos os dias no Correio da Manhã. Agora que o processo foi arquivado e é público, deixou de se falar dele.

No Processo Face Oculta, pegaram nas trafulhices habituais de um sucateiro e acharam que tinham descoberto uma rede tentacular de corrupção. Como não teria efeito julgar casos individuais e separados de irregularidades de pesagens e esclarecer detalhes de contratos, acharam uma boa ideia formar um grupo imenso de 34 pessoas e mais duas empresas, e chamar a esta enfabulação "polvo", juntando num único processo pessoas que nunca se tinham conhecido entre si, e ornamentado com as cerejas em cima do bolo, a que chamaram os altos cargos da administração de empresas públicas, quase todos ou todos inocentes. Digo inocentes porque a comunicação social, só revela para a opinião pública as suspeitas (quase todas ridículas) dos procuradores do Ministério Público (M. Vidral e C. Philips). Quando são apresentadas em tribunal provas da inocência de alguns dos arguidos isso não passa na comunicação social. Quando alguns contestaram a roubalheira de Godinho os procuradores dizem que era "... para dar um ar formal de seriedade ...". Quando se pergunta pela contrapartida da "corrupção" não têm mais nada a escrever e dizer do que "... para ficar na boa consideração dos seus superiores ...".

Tudo isto aconteceu desta forma porque quiseram que o processo tivesse um efeito corrosivo e devastador na credibilidade de um primeiro ministro e de um partido político. Mais do que tudo, aconteceu uma manipulação de alguns elementos da justiça para atingir fins políticos.

E os procuradores e juizes cobardes conseguem dormir descansados? Se forem minimamente inteligentes isso admira-me muito, porque perceberão onde está a verdade, que eles próprios tentam esconder, o que revela mau carácter e desonestidade intelectual. Se não percebem que estão a cometer grandes injustiças ainda será pior, pois neste último caso estamos perante verdadeiros imbecis e incompetentes.

O erro judiciário é das piores coisas que podem acontecer a uma sociedade.

No caso particular de Carlos Cruz é bem possível que os juízes tenham tido medo da comunicação social, da opinião pública e do preconceito. Não estariam dispostos e receber críticas de terem perdoado criminosos porque eram pessoas "importantes", tendo em conta que o julgamento popular já estava feito. Pensaram só em si e na forma mais fácil de se "safarem".

Isto assusta.