segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

entrevista da Ana Gomes ao i...

Já percebeu melhor o que aconteceu na altura em que a direcção de Ferro Rodrigues, a que pertencia, se viu envolvida no processo Casa Pia?

Não percebi, em detalhe, muito melhor. A história está por contar e por investigar. Acho que tive bem a percepção do que se passava, que era uma miserável intriga para derrubar aquela direcção, que era uma direcção de gente séria, que estava a procurar sanear as contas do partido. Por exemplo, a Lei do Financiamento dos Partidos Políticos, que entrou em vigor em 2005, foi por determinação de Ferro Rodrigues. Era uma lei moralizadora. A que existe hoje é muito pior.

A resistência a essa direcção também veio de dentro do PS?

Eu disse-o na altura e não excluo que possa ter havido alguém dentro do PS que tivesse interesse em derrubar Ferro Rodrigues. Não foi por acaso que foi Paulo Pedroso a ser envolvido nesse caso. Era a pessoa que estava a tomar medidas de saneamento. Inclusivamente de funcionários do partido que não existiam e recebiam dinheiro.

Eram pagos pelo partido sem trabalhar?

Exactamente. Pergunte-lhe, mas o que aconteceu foi que houve o escândalo Casa Pia com a necessidade de encontrar bodes expiatórios ou culpados e figuras públicas e mediáticas que fossem responsabilizadas. Eu não percebo como foi possível condenar o Carlos Cruz com base naqueles elementos. Eu li o processo. E havia outras coisas...

Outras coisas?

Havia o processo do parque de que ninguém fala, mas que o SIS sabe. O dr. Rui Pereira, que era o director do SIS nessa altura, sabe. O processo do parque onde algumas pessoas tinham sido apanhadas, algumas figuras políticas inclusivamente. E portanto havia que montar uma encenação que concentrasse os holofotes em determinadas pessoas e desviasse as atenções de outras. E foi isso que aconteceu. Eu fui àquela célebre manifestação que houve, logo a seguir ao rebentamento do caso, na qual estava a Catalina Pestana. Eu fui lá e fui dizer que o processo estava a ser orientado para desacreditar a justiça.

Catalina Pestana disse que não acreditava na inocência de Paulo Pedroso.

Essa mulher, para mim, não tem qualquer credibilidade. Foi directora de um colégio da Casa Pia e nunca viu nada e de repente viu tudo. Como é? Essa senhora para mim não tem qualquer ponta de credibilidade. O que eu lhe digo é que era preciso que se investigasse e se percebesse o que aconteceu. Sem dúvida que os holofotes foram desviados para Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso com base em testemunhos que não tinham credibilidade. Não estou a dizer que os miúdos da Casa Pia não sofreram horrores, mas eles são facilmente instrumentalizáveis a partir da hora em que entraram na delinquência. E seriam facilmente manipuláveis.

E foram manipulados por quem?

Se calhar havia muita gente com diversos interesses. Uns tinham de prestar contas a nível da investigação, outros queriam desviar os holofotes de pessoas que podiam ser apanhadas e outros ainda queriam ver-se livres de pessoas que estavam a ser particularmente incómodas no PS. A investigação está por fazer.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Condenados por força da mentira

Condenar alguem baseado naquilo que diz o acusador comporta muitos riscos, eu discuto esses assuntos com frequencia, mas constacto que nem sempre as pessoas lhe dão a importancia que merecem, a não ser quando por alguma razão são eles mesmo as vitimas...

Todos acreditavam nos "assistentes"....

Todos os jornais e telejornais deram uma vasta informação sobre este caso que chocou a frança, por mais incrivel que pareça foram todos enganados....

Le fait divers d’Outreau, en particulier, n’a pas échappé à une débauche de fausses révélations. Très vite, alors que l’instruction commence, le compte rendu de l’événement s’affole. Un reporter de France 2 ne s’embarrasse d’aucune précaution quand, dans le 20 heures du 15 novembre 2001, il énonce les « faits » : « Les quatre enfants ont d’abord été violés par leur père, puis par des proches. Certains sont des commerçants du quartier. Les parents s’acquittaient ainsi de leurs dettes. » Ailleurs, on mentionne sans précaution les fonctions sociales des « coupables » de crimes imaginaires : « un huissier et son épouse, infirmière scolaire, un prêtre ouvrier, un chauffeur de taxi et les deux propriétaires d’un sex-shop d’Ostende, en Belgique, sont interpellés. »(Le Figaro, 21 novembre 2001.Rien d’étonnant à ce déballage. Avec l’affaire Dutroux (1996), le nombre d’articles et de reportages consacrés aux affaires sexuelles touchant les enfants a explosé. Les archives Internet des journaux de presse écrite permettent de mesurer l’évolution. Jusqu’en 1995, les mots « pédophilie/pédophile » entraînaient une dizaine d’occurrences par an. Après 1996, il faut multiplier ce chiffre par dix, voire par vingt (4).

Le déferlement s’explique en partie par l’occultation du phénomène jusqu’à cette date. Mais comment ne pas imaginer que le caractère vendeur, ou supposé tel, d’informations de ce genre constitue une motivation-clé ? Du 5 mai au 5 juillet 2004, le « procès d’Outreau » est présent vingt-six fois à la « une » des quatre grands quotidiens nationaux, qui y consacrent 344 articles en huit semaines : 108 dans Le Figaro, 84 dans Le Monde, 77 dans Le Parisien, 75 dans Libération. Pendant la même période, ces quotidiens consacrent trois articles à eux quatre à la sortie d’une étude de l’Organisation mondiale de la santé (OMS) établissant que la pollution de l’air, de l’eau et d’autres dangers liés à l’environnement tuaient chaque année plus de 3 millions d’enfants de moins de 5 ans (lire « Un certain effet de brouillage... » pour d’autres asymétries médiatiques).

Lá como cá estas são noticias muito comercializaveis se assim se pode dizer...e vendem muito!

De 4 de maio a 5 de julho 2004, "o processo d´Outreau" foi 26 vezes noticia de 1º pagina dos 4 grandes jornais nacionais que lhe consagraram 344 artigos em 8 semanas : 108 vezes no Le Figaro, 84 vezes no Le Monde, 77 no Parisien e 75 vezes no Libération.

Durante o mesmo periodo esses mesmo jornais dedicaram 3 artigos aos resultados de um estudo publicado pela OMS, que dizia basicamente apenas isto:A poluição do ar, da agua e de outros perigos ligados ao desenvolvimento matam todos os anos cerca de 3 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade.
Lá como cá o importante são noticias apelativas, mesmo que sejam completamente mentiras quem se importa?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Por acaso já viram este filme??

Délation, compassion, mépris social
Les faits divers, ou le tribunal implacable des médias

Depuis des mois, la lutte contre la pédophilie, le terrorisme ou l’antisémitisme a conduit la plupart des médias à stigmatiser des crimes imaginaires et à accabler des innocents (affaires d’Outreau, du bagagiste d’Orly, du RER D). La presse sacrifie les informations importantes pour donner une large place à ce traitement de plus en plus irresponsable des faits divers. Pourra-t-elle se défausser indéfiniment de ses travers mercantiles sur des juges, des policiers ou des élus ?

Par Gilles Balbastre

Le 19 mai 2004, devant des dizaines de caméras, dont celle du journal de 20 heures de TF1, l’huissier de justice Alain Marécaux s’écroule en pleurs à la sortie du tribunal de Saint-Omer. Le moment est bouleversant : « J’ai tout perdu dans cette affaire. Vous savez... on a volé mes enfants. Ils ont tué ma mère. J’ai dû vendre mon étude... vendre ma maison.... J’ai plus rien... Comment voulez-vous... » Le revirement à l’audience de sa principale accusatrice transforme soudain cet homme en héros, victime, selon la presse unanime, de la « faillite du système judiciaire », d’experts psychologues « partiaux », d’assistantes maternelles « irresponsables », et même de la parole des enfants « manipulés ». A ce moment précis, qui se souvient encore que, deux ans plus tôt, le 11 janvier 2002, un 20 heures de TF1 accusateur montrait à 9 millions de téléspectateurs la maison de ce même Alain Marécaux et de sa femme, incarcérés à la suite de ce qui, à l’époque, était présenté comme une affaire de pédophilie monstrueuse ?

Le Figaro du 20 mai 2004 s’apitoie sur le sort du chauffeur de taxi Pierre Martel : « Avant “l’affaire”, il menait une existence paisible entre sa famille et sa passion pour le golf. (...) Il a été mis en examen pour six viols sur mineurs. On l’a aussi accusé d’avoir conduit des enfants en Belgique pour des séances pédophiles dans une ferme. » Ce « on » accusateur vise en fait... Le Figaro du 1er janvier 2002. Car le quotidien évoquait alors « un chauffeur de taxi qui conduisait les petites victimes dans une ferme en Belgique, près d’Ypres, où se déroulaient les soirées spéciales enregistrées par deux propriétaires d’un sex-shop d’Ostende ». A la liste brandie par les médias des responsables de la souffrance de ces « accusés à tort » manque la profession de journaliste (1).


Car autant, dans ce qu’il convient d’appeler l’« affaire d’Outreau », il est légitime de s’interroger sur l’instruction du juge Fabrice Burgaud – ce dont ne se privera pas la presse dans son ensemble –, autant il aurait été nécessaire de soumettre à la critique le travail de l’immense majorité des médias. A part quelques très brumeuses mises en cause de la « pression médiatique », promptement associée à la « pression de l’opinion publique », nul n’a souligné la duplicité de la presse. Les anciens accusés devenus victimes sont trop occupés à se remettre de leur traumatisme ; les avocats comme les responsables politiques, trop dépendants de la publicité médiatique ; les professions mises à l’index, trop apeurées par le pouvoir accusatoire des journalistes.