sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

francisco guerra e as mentiras....

acredito que tambem Francisco Guerra tenha sido uma vitima da Casa Pia, nunca contestei isso e não tenho uma especial animosidade em relação a ele.
Gostaria, se um dia o visse, de lhe perguntar de quem foi a ideia de implicar aquelas pessoas.
Fui criança, adolescente, e com erros e com méritos fui percorrendo a minha estrada, sem atropelar principios, respeitando as pessoas, tansmitindo aos meus, os valores basicos e fundamentais(segundo o meu conceito) da vida em sociedade.
Sou solidário, preocupa-me as situações que levam a que estes rapazes, hoje homens no que toca a idade, se tenham tornado manipuladores, mentirosos e até criminosos.
A Casa Pia de Lisboa tem tambem um historial de gente boa, de pessoas com vidas de sucesso nalgumas areas e estou-me a lembrar de João Pedro Pais, só para dar um exemplo.
Ou seja, não tenho nenhum tipo de preconceito contra a instituição ou pessoas da Casa Pia.
Mas a nossa justiça e a nossa policia meteram os pés pelas mãos neste processo!
Eu vi, e concerteza mais pessoas viram o Bernardo Teixeira dizer no Prós e Contras que tinha sido violado por um locutor de televisão mas não por Carlos Cruz.
Não tenho a pretensão de começar uma caça ás bruxas, mas tenho a sensação, até porque sempre achei que este processo era uma mentira pegada, que o Carlos Cruz foi a vitima maior de muitas incompetencias.
eu explico melhor....

Como surgem e o que caracteriza as memórias falsas

Em geral as pessoas sentem dificuldades na avaliação da origem das memórias que ocorreram próximas umas das outras no tempo, um fenómeno conhecido por monitorização da fonte (e.g., Johnson, Hashtroudi e Lindsay, 1993).
Numa prova de memória, o sujeito está confuso, incerto, mas tem de decidir de entre os eventos presentes na sua memória quais os reais e quais os que são imaginados.
Como uns e outros surgiram num contexto comum e associados a um espaço e tempo específicos, a capacidade de verificação da origem de ambos torna-se difícil de efectuar devido às similaridades que revelam em termos de robustez e nitidez.
As pessoas que revelam memórias falsas estão convencidas, muitas vezes de forma absoluta, que as suas recordações são verídicas. As pessoas acreditam estar a dizer a verdade e não a mentir.
Em termos de grau de certeza, confiança e convicção, a recordação de acontecimentos falsos é por vezes tão grande como a de acontecimentos verdadeiros.
E quem ouve ou presencia um testemunho sente uma enorme dificuldade em discernir se está perante uma descrição verdadeira ou se está perante um erro ou memória falsa.

Uma pessoa é inclinada a afirmar que uma memória actual é uma lembrança verdadeira se facilmente conseguir formar imagens de uma situação passada. Quando se consegue imaginar facilmente uma situação ou aspectos de uma situação passada, o mais provável julgar é tratar-se de um acontecimento real.
Há assim um enviesamento, predisposição ou inclinação humana para julgar que os acontecimentos falsos não produzem imagens tão facilmente acessíveis nem tão ricas como acontece com acontecimentos verdadeiros.
Mas pode não se verificar. Há pessoas com uma imaginação tão rica que facilmente convertem imagens em realidade.
Há alguns factores que contribuem para que uma informação errada, sugerida ou induzida após um acontecimento, se converta numa memória falsa. Os estudos de investigação nesta área ressaltaram os factores seguintes:
1.
Um dos principais factores é a percepção da autoridade e confiança na fonte de informação.
Um juiz, um polícia, os pais, os professores, os especialistas e os meios de comunicação funcionam em geral como fontes de informação credíveis, e uma sugestão falsa destes, induzida intencional ou acidentalmente, pode levar à formação de uma memória falsa.

2.
Um outro factor é a apresentação ou fornecimento de sugestões plausíveis. Quando num acidente, os carros se “esmagam” um contra o outro é provável e plausível que apareçam no chão vidros partidos.
Um psicoterapeuta pode ainda convencer uma paciente de que a interpretação de um sonho tem a ver com o facto de ter perdido os pais num centro comercial, uma experiência infantil bastante provável.
Mas se a sugestão é implausível, é praticamente impossível que se converta numa memória, por exemplo convencer um adulto de que foi violado pela mãe na infância ou de que esta lhe deu um clister bastante doloroso.
Mas se a sugestão sobre o clister doloroso envolver um técnico de saúde num hospital, a formação de uma memória falsa torna-se mais provável.
3.
A repetição periódica do mesmo tipo de sugestão faz aumentar a probabilidade de formação de uma memória. É neste sentido que se afirma que uma “mentira mil vezes repetida se transforma em realidade”.
Para muitos adultos normais, entre os quais se contam os estudantes universitários, não é preciso que a mentira ou sugestão seja repetida mil vezes, repeti-la três ou quatro vezes pode ser suficiente.
Os factores de repetição, plausibilidade da situação e a autoridade, actuando num ambiente de dor e medo, podem levar uma pessoa em certos casos a acreditar que cometeu ou foi o principal responsável pela ocorrência de um crime. Apesar de raros, há pessoas inocentes que confessaram ter cometido crimes.

Isto não foi invenção minha, podem ver todo o artigo aqui:
http://www.fpce.up.pt/docentes/acpinto/artigos/18_recordacoes_falsas.pdf
Amâncio da Costa Pinto
Faculdade de Psicologia e C. da Educação, Universidade do Porto, Portugal

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