segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ser jornalista é isto?

Começo por este titulo porque é uma coisa que me faz muitas vezes pensar naquilo que se escreve e diz na nossa imprensa.
São os profissionais da comunicação social, quem, através do seu exercício diário, podem permanentemente assegurar o controlo do poder público e assim, impedir que a arbitrariedade seja apanágio do poder legislativo. Pela argúcia de quem informa deve conseguir-se estabelecer o bom do mau, o verdadeiro do falso, ou até o sentido das normas que pretensiosamente, sendo declaradas úteis e justas, tem na sua génese, interesses mesquinhos e arrogantes. O populismo é oferecido ao poder pela notícia, quando nela se transportam as intenções egocêntricas (por isso encobertas) do domínio das instituições
Tive a felicidade de viver muitos anos longe de Portugal, e tanto lá como cá existe este tipo de jornalismo, mas isso não o tornou uma obrigação seguidista para ninguem!
Devemos tentar ser melhores em muitas areas, se existe jornalismo de referencia em varios canais de televisão estrangeiros porque não havemos de conseguir fazer um jornalismos que nós já tivémos e infelizmente perdemos?
Eu penso que é possivél, se quiserem ser melhores vcs conseguem!
Dou-vos um exemplo, um dia da semana passada fazia manchete no Correio da Manhã que Carlos Cruz tinha utilizado 16 numeros de telefone.
Fiquei curioso e pensei para os meus botões: eu no mesmo periodo de tempo tambem tive varios, uns 12 se a memória não me falha, dei um á minha sogra, mulher, cunhado, ao meu pai, minha filha e tinha 3 disponiveis nas 3 redes nacionais e mais uns cartões lá por casa.
Estavam englobados num daqueles contratos de empresa e nem posso precisar quantos cartões eu utilizei de facto.
A resposta chegou poucas horas depois sem grande alarido, com uma paciencia digna de realce, através do caluniado do costume, que eu até acho que seja um ódio de estimação, uma resposta muito simples e linear.
Não sei os termos exactos mas basicamente era isto, já que a noticia e a forma como é apresentada é susceptivel de criar nas pessoas a ideia que esses numeros de telefone eram usados para ligar para as "vitimas", o jornal que faça o favor, (peçam ajuda a quem investigou senão souberem), para divulgarem quantas chamadas foram feitos desses 16 numeros de telefone para as "vitimas" e todas as outras pessoas envolvidas no processo.
Depois de serem confrontados com a realidade seria muito honesto por parte do jornal, que fizessem uma manchete do tipo:
nunca Carlos Cruz ligou ás vitimas!
era o mínimo que deviam ter feito, mas isso não seria chamativo....

A minha pergunta é:
- acham que, se depois de anos de investigação, houvesse por parte da policia uma prova de que Carlos Cruz ligava para as "vitimas" ela não seria utilizada pelo Ministério Publico?

2 comentários:

  1. Carlos, li essa mesma manchete no Correio da Manhã e nem sequer procurei saber pormenores acerca da "notícia", porque calculei logo que era mais do mesmo. No entanto, é óbvio que quem lê aqueles títulos fica com alguma curiosidade... Lembro-me que estava com o meu marido, que me viu a ler a manchete e me disse para eu comprar o jornal se quisesse. E foi nesse momento que decidi que não iria comprar o Correio da Manhã nunca mais na minha vida (não é que costumasse comprá-lo antes, mas foi um pacto comigo mesma). Recuso-me a ajudar a encher os bolsos a essa gente, que já ganhou dinheiro demais à custa de um pseudo-jornalismo deprimente.

    Confesso que nunca senti, como sinto agora, vergonha do país em que vivo. A educação é e será sempre a base do desenvolvimento, e é a cada vez mais pobre educação que temos (novas oportunidades e etc. e tal) que cria maus profissionais, gente com pouco civismo e cabeças que não sabem pensar por si próprias.

    Os comentários que tenho ouvido nos últimos tempos acerca do Processo Casa Pia assustam-me. Assustam-me as pessoas que não têm qualquer pudor em dizer o que pensam acerca de um assunto acerca do qual pouco ou nada sabem. Pior, assustam-me aquelas pessoas que eu julgava mais esclarecidas, mais inteligentes e mais bem informadas, mas que afinal também não têm (ou não querem ter) interesse em procurar saber um pouco mais acerca das coisas (que desilusão foste para mim, Miguel Sousa Tavares...).

    Assusta-me, acima de tudo, ser uma cidadã deste país em que a justiça é cega. Porque realmente o pior cego é aquele que não quer ver.

    Dou comigo a pensar o seguinte: se fosse a mim que acusassem, como é que eu iria conseguir reconstituir a minha vida de há não sei quantos anos atrás? Ao Carlos Cruz será certamente mais fácil do que a mim, penso eu, por meras razões profissionais. Mas será que o cidadão comum, anónimo, já se imaginou na pele dele? Será que já pensou que, se fosse acusado de um crime que não cometeu, provavelmente não conseguiria obter nem metade da documentação ilibatória que ele conseguiu? E se tudo o que ele conseguiu não foi suficiente, como seria com metade? Muito mais fácil, simples e certa a condenação! Como é que as pessoas não pensam nisto? Como é que isto não as incomoda?

    Nota: em relação aos 16 telemóveis do Carlos Cruz, tenho que deixar aqui também o meu contributo: nos últimos 12 anos, tive 10 telemóveis e 6 cartões (que me lembre! não me admiro que na verdade tenham sido ainda mais).

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  2. e a saga continua, uma coisa tão evidente (o desconhecimento da casa de elvas) hoje continua a ser noticia no correio da manha....

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